Amélia Malheiros celebra 60 anos e reflete sobre sua trajetória marcada por conquistas e superações. Ela é administradora de empresas, atuou como professora universitária, gestora na Hering, é uma das idealizadoras do Museu Hering. Atualmente, empreende na Serra Catarinense
A décima terceira filha de uma família de 14 irmãos. A menina que sonhava alto em uma infância humilde e que hoje, ao chegar aos 60 anos em 2024, faz uma retrospectiva da inspiradora trajetória como uma grande conquista, pautada no conhecimento, dedicação e amor pelo que faz.
A administradora de empresas, com ênfase em marketing e MBA em gestão empresarial, também tem uma trajetória marcada por conquistas e inovações na carreira como gestora na Henring, sendo a responsável pela abertura do Museu Henring, em Blumenau.
Amélia Malheiros também atuou como professora na Uniasselvi e tem especializações na área comportamental, formada em Programação Neolinguística, Coach Transpessoal, além de outras ferramentas do autoconhecimento.
“Sempre fui meio precoce, tinha sonhos grandiosos na minha infância humilde. Imaginava-me sendo professora e executiva, eu literalmente desenhava e projetava meu futuro todas as noites”, lembra.
Ela conta que queria outra vida, outra condição financeira. “Na época, achei que o casamento poderia ser essa porta. Namorei aos 16 e aos 19 casei, com 20 já era mãe e aos 23 veio o divórcio bem sofrido. Ambos muito imaturos, sem resiliência e preparo para constituir a vida. O melhor de tudo foi esse filho amado que Deus nos deu”, recorda Amélia, falando sobre o filho Júlio que lhe deu uma neta, a pequena Isadora.
Do telemarketing à diretora: construção de uma carreira
Após o divórcio, Amélia concorreu a uma vaga de telemarketing na Henring, uma empresa que sonhava trabalhar. Foi neste período que também passou no vestibular, mesmo não sabendo como iria conseguir pagar a faculdade. Mas a vontade de realizar os sonhos era muito maior que as dificuldades.
“Procurei a Hering e expus minha situação. Eles me falaram de uma bolsa de estudos que a Fundação Hering oferecida em casos como o meu e, assim consegui iniciar a tão sonhada faculdade, ao mesmo tempo me candidatei internamente a outras vagas”, lembra.
O desempenho da jovem sonhodora começou a ser notado dentro da empresa. Logo, Amélia ficou conhecida pela eficiência na condução dos processos internos e foi aí que o convite para a grande virada na carreira aconteceu.
Em 1994, a Henring abriu o canal de comunicação direta com o consumidor, atual SAC. Era o início da experiência de uma empresa B2B para um canal B2C. Depois desse programa, Amélia liderou outros projetos como a entrada da empresa na internet, como a primeira loja virtual em 1999; a oferta de crédito ao consumidor com o cartão Hering.
“Aos poucos fui me tornando uma referência. Todos diziam: ‘bota na mão da Amélia que a coisa anda’, e andava mesmo. Claro que o sacrifício era imenso e só eu sei o preço que paguei para cada escolha que fiz”, destaca.
Foi, também, nesse tempo que Amélia conheceu o atual marido, o Marcos. Foi logo no primeiro mês de trabalho na Hering e estão juntos até hoje. Era a vida dela se alinhando.
Um mercado em transformação
Em 2000, assumiu a área de comunicação institucional da empresa e, em parceria com outras lideranças, iniciaram um movimento com a Associação Empresarial de Blumenau (ACIB) para uma atuação mais ampla das empresas na área da responsabilidade social.
Na Hering, Amélia liderou projetos na área da sustentabilidade, em especial, quando assumiu a direção da Fundação Hering, em 2007. Ela foi a responsável pela abertura do Museu Hering e pela ampliação da fundação em todo o território nacional.
Neste contexto da sustentabilidade, ela descreve a atuação no pai. “Meu pai trabalhava na prefeitura de Blumenau cuidando das ruas do bairro. Por onde passava recolhia ferro, lata, papelão. Assim, boa parte da renda da família vinha do “ferro velho” que era descartado nas ruas. Talvez por isso, meu senso de aproveitamento seja enorme. Tudo sempre tem algum valor e pode ser reaproveitado”, afirma.
Paralelo à empresa, tornou-se co-fundadora do movimento Santa Catarina Moda e Cultura (SCMC), que há 20 anos promove inovação e conexão entre empresa e universidades.
Foi esse perfil colaborativo e comunicativo que abriu portas em todo estado, criando um networking que se tornou um ativo importante.
::: Conheça também essa história >>> “Precisamos confiar mais na nossa intuição”, afirma a modelo Edi Lima
Empreender em família, o começo de uma nova fase
Depois de grandes conquistas corporativas chegou a hora de empreender em família. Ela comenta que “empreender” sempre a assustava, mas também trazia um fascínio constante.
“Sentia necessidade de navegar por outros caminhos. E nas nossas muitas idas à Serra Catarinense para curtir o frio e a paisagem acabamos nos apaixonando por Urubici”, contextualiza.
E foi essa paixão pelo frio e a Serra que o espírito do empreendedorismo foi materializado. Em uma viagem em família, cogitaram comprar um terreno para construir chalés para receber pessoas do Brasil.
Um sonho que em 2023 tornou-se real. O Alma Cabanas de Altitude saiu do papel e virou um negócio.
Hoje, são dois chalés com um charme e aconchego para que as pessoas possam curtir momentos especiais em família. Além disso, tem uma casa container, um desafio para desapegar dos excessos e viver em espaço reduzido.
“Empreender em família traz uma responsabilidade ainda maior. As escolhas e decisões precisam ser conscientes e maduras, pois, podem colocar em risco a união familiar”, alerta Amélia.
Mas, por outro lado, ela lembra que um ambiente familiar saudável dá força e dá afeto para seguir em frente.
“Hoje minha maior motivação para olhar com esperança para o futuro é a neta Isadora que, em seu primeiro ano de vida, é um raio de luz e amor”, explana Amélia.
Para ela, as experiências vividas em 30 anos de ambiente corporativo a possibilitaram a viver essas conquistas atuais.
Além disso, o apoio e a cumplicidade entre os cinco sócios é fundamental, assim como a comunicação clara, objetiva e amorosa.
“Muito cedo para dar conselhos, afinal a jornada só começou, mas posso dizer que empreender tem que vir de dentro, cada dia é um dia. Cada desafio precisa ser visto como oportunidade de aprender algo e só com presença plena é possível evoluir. A inteligência emocional e o autoconhecimento são a chave mestra para abrir essa nova porta, onde tudo depende só de você”, sintetiza.
Quer conhecer mais?
O Alma Cabanas de Altitude fica em Urubici, no Morro da Igreja, em quatro hectares. Um recanto para fugir da rotina, descansar, meditar e se reconectar.
Conheça mais pelo instagram é @almacabanasurubici ou para fazer reserva no site Booking.com