Mari Sales, autora com mais de 100 livros publicados na Amazon, inspira escritoras ao unir literatura, metodologia ágil e organização para alcançar o sucesso.
Trocar a estabilidade de uma carreira em tecnologia da informação pela incerteza do mercado literário no Brasil pode parecer arriscado, mas Mari Sales é a prova de que determinação e estratégia podem transformar sonhos em realidade.
Com mais de 100 publicações na Amazon e o título da terceira autora mais lida do Kindle Unlimited Brasil nos últimos dez anos, Mari é um exemplo de como talento aliado à organização pode levar ao sucesso.
A cuiabana, atualmente radicada em Campo Grande (MS), iniciou sua jornada literária em 2016, publicando seu primeiro e-book na Amazon enquanto ainda trabalhava como analista de sistemas.
Dois anos depois, decidiu se dedicar integralmente à escrita, abandonando as linhas de código para criar romances que conquistaram milhares de leitores.
Seus números impressionam: são mais de 50 e-books best-sellers, 30 títulos físicos em parceria com o Grupo Editorial Portal e cinco audiolivros pela Audible.
Seu lançamento mais recente, Rejeitada pelo Feérico, reforça sua habilidade de atrair um campo público, especialmente nas plataformas digitais.
Uma metodologia literária inspirada na tecnologia
Com uma rotina de trabalho organizada e produtiva, Mari também se dedica a ajudar outros autores a se destacarem no mercado editorial. Por meio do projeto “Desafio Mari Sales”, ela adapta conceitos da metodologia ágil, amplamente utilizada na área de TI, para atualização do processo de escrita.
“Meu objetivo é tornar a jornada de escrita mais eficiente, mas sem que isso sobrecarregue a rotina dos autores”, explica Mari.
Essa abordagem já ajudou diversos escritores a transformarem ideias em livros e a ingressarem no mercado literário.
Do clichê ao extraordinário
Mari Sales conquistou seu espaço explorando histórias que misturam clichês com reviravoltas inusitadas. Sua abrangência vai de livros infantis a romances adultos, sempre trazendo um toque único às narrativas.
Seu trabalho não apenas desafia a lógica de que “livros não dão dinheiro no Brasil”, mas também inspira uma nova geração de autores a acreditar no poder da escrita.
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Com uma carreira consolidada e um campo público, Mari continua provando que a literatura digital é uma oportunidade viável para quem está disposto a inovar e se dedicar.
“O que me motiva é saber que minhas histórias fazem parte da vida das pessoas e ajudam outras escritoras a encontrarem seu caminho”, afirma a autora.
O objetivo do DesafioMariSales é manter uma rotina de trabalho saudável, exercitar a criatividade e vender livros, para viver com a renda desse trabalho.
Foi dessa forma que eu me tornei a 3ª autora mais lida do Kindle Unlimited Brasil nos últimos 10 anos
Mari Sales, 3ª autora mais lida do Kindle Unlimited Brasil, compartilha métodos
Nesta entrevista, ela compartilha mais detalhes sobre a carreira e a importância de os profissionais da literatura ajudarem uns aos outros.
Que diferenças você percebe quando escreve um romance de fantasia e um romance mais “realista”?
O romance de fantasia me instiga a descrever mais o ambiente e as sensações, abusando das metáforas e da intuição do personagem. O nosso sexto sentido, a intuição, é pouco explorada e explicada nos romances reais, acaba por ser uma coincidência ou acaso. Mas, no romance de fantasia, é quase um superpoder. Também me deixo levar pelos instintos protetores do protagonista masculino, que poderia ser visto como excesso ou tóxico no romance realista.
De onde vem sua inspiração para falar sobre o universo dos feéricos?
Conheci o universo das fadas com a Saga Winx, na adolescência. Escrevi a história sobre um bruxo na Irlanda, Thorent, e estudei sobre a mitologia nórdica, que me instigou a conhecer mais sobre as fadas. Então, em 2023, eu me rendi aos feéricos com Sarah J Mass, na saga “Corte de Espinhos e Rosas”. Não só eles, como os mais variados universos de romantasias da atualidade, de autoras internacionais e nacionais, como “Corações Congelados” – Day Leitão e “Interion: As Crônicas de Júpiter” – Patrícia Criado.
Atualmente você se dedica somente à escrita, mas chegou a atuar por muitos anos na área de TI. Foi uma decisão planejada? Como foi essa transição de carreira?
Eu planejei conforme as oportunidades foram surgindo, algumas delas disfarçadas de “portas fechadas”. Eu me mudei de cidade em 2013, mudei de emprego e consegui tempo de sobra para ter um hobby. Nem me recordava mais, mas eu adorava ler e comecei a ler os livros que comprei mesmo sem ter tempo. Eu me encontrei nos livros de romance, devorei todos os meus físicos e muitos outros digitais, são mais de mil livros lidos desde 2013.
Ajudando um amigo virtual a publicar seu primeiro livro, que conheci na comunidade literária, percebi que eu também poderia fazer o mesmo. Trabalhando na TI, eu utilizei de texto já existente (tirei do meu diário de gestante) e publiquei “Completa: O Nascimento de uma mãe”, que também marca o nascimento da escritora, em junho de 2016. Em julho de 2018, eu fui demitida do meu emprego da TI e resolvi fazer a profissão de escritora dar certo, porque era mais gratificante estar no meio literário do que mexer com as linhas de código. Usei meus conhecimentos técnicos de Análise de Sistemas, minha criatividade e não me dei a opção B, só existia o dar certo na escrita.
Você já conta com mais de 100 publicações na Amazon, e é a terceira autora mais lida do Kindle Unlimited Brasil. Como se planeja para manter sua produtividade?
O segredo da constância é continuar, não importa a estação do ano que esteja ao seu redor, altos e baixos fazem parte. Desde julho de 2018, quando passei a me dedicar 100% para a escrita, publiquei todos os meses e escrevo na mesma proporção. É necessário ser empresária e artista de forma equilibrada. Busco autoconhecimento com estudos sobre terapia integrativa e criei o DesafioMariSales, um grupo de produtividade que tem atividades diárias, que não me deixa sair da linha (nem os autores que fazem parte).
Com o projeto “DesafioMariSales”, você compartilha seus conhecimentos com outras escritoras. Na sua opinião, o quão importante é que autores mais experientes ajudem iniciantes? Aproveite e conte mais sobre o projeto e de que forma você consegue contribuir na carreira dessas autoras.
Desde quando comecei no meio literário, como leitora, tive muito apoio. O leitor é colaborativo por natureza, quer indicar, apoiar e vibrar por cada livro que se apaixona. Não foi diferente quando eu comecei o blog RenhasNacionais, nem quando oficializei minha carreira como Mari Sales. Eu conheço o meio literário unido, que apoia e compartilha conhecimentos.
Por ser muito animada, eu acabava ajudando mais aos outros do que a mim mesma. Como uma forma de organizar o trabalho e continuar ajudando outras pessoas, eu criei um grupo chamado DesafioMariSales. Por conta da minha produtividade de publicações, muitos acham que o desafio é apenas escrever todos os dias. Mas não, o DesafioMariSales é uma rotina de trabalho, baseado no SCRUM (desenvolvimento ágil, trouxe da TI), para que o autor possa se autogerenciar de forma saudável, escrevendo livros, produzindo conteúdo para a rede social, divulgando, estudando, produzindo, enfim, sendo uma editora de um autor. Nada de ter um superfoco na escrita e adoecer depois desse excesso. É possível exercitar a criatividade e fazer um pouco todo dia, sem sacrificar a saúde.!