Aprenda como é possível gerenciar seu tempo, estabelecer limites e priorizar o autocuidado para conquistar o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional com as dicas de Késsy Flores
Equilibrar a vida pessoal e a vida profissional é um dos maiores desafios para muitas mulheres nos dias de hoje. As múltiplas responsabilidades, desde o trabalho até os cuidados com a família e o lar, muitas vezes sobrecarregam e fazem com que o autocuidado e o tempo pessoal sejam negligenciados.
Para ajudar a encontrar esse equilíbrio, é preciso adotar estratégias práticas que permitam uma organização do tempo de forma eficiente e com mais qualidade.
Késsy de Ávila Flores, 39 anos, é enfermeira do trabalho e ergonomista organizacional, uma profissional apaixonada por transformar ambientes e melhorar a qualidade de vida das pessoas.
Gaúcha que mora em Chapecó (SC), Késsy tem se dedicado a aplicar seus conhecimentos em saúde para melhorar a ergonomia no trabalho e promover o bem-estar físico e mental dos colaboradores.
Nesta entrevista, a profissional dá dicas e estratégias para as mulheres equilibrarem as tantas tarefas diárias.
Segundo Késsy, a chave é aprender a estabelecer prioridades, definir limites claros e, acima de tudo, cuidar de si mesma.
“Equilibrar esses dois mundos não é uma tarefa fácil, mas é possível. O primeiro passo é entender que você não precisa ser perfeito em tudo, nem assumir todas as responsabilidades. Reconhecer suas limitações é essencial para o bem-estar”, afirma Késsy.
Como equilibrar a vida pessoal e profissional
Késsy acredita que, em muitos casos, as mulheres enfrentam uma sobrecarga de tarefas. A sobrecarga emocional e a falta de tempo são desafios diários, principalmente para aquelas que são mães solteiras ou não têm o apoio necessário para dividir as responsabilidades.
“Muitas vezes, as mulheres deixam de lado seus próprios sonhos e projetos por causa dessas demandas, e isso é algo que precisa ser visto com mais empatia”, ressalta Késsy.
Confira a entrevista:
Você poderia nos contar um pouco sobre sua trajetória profissional e quais são suas principais qualificações?
Me formei em enfermagem pela Unoesc São Miguel do Oeste, sempre realizei os estágios obrigatórios e os remunerados tive a felicidade de poder exercer, assim o contato com os pacientes e estar inserida em ambientes como hospitalar e de clínicas me fez ver o quanto gostava de trabalhar com as pessoas.
Depois da faculdade fiz especialização em Saúde Pública o que me fez enxergar que o sistema de saúde é complexo e com muitas possibilidades de transformações para melhorar o acolhimento e atendimento da população.
Fui chamada para o Instituto Geral de Perícias (IGP-SC) enquanto estava grávida de 8 meses. Trabalhei lá por quase 3 anos, mas decidi recomeçar ao perceber que não era o lugar certo para mim, apesar do conflito interno que a decisão gerou.
Tive a oportunidade de atuar como Enfermeira do Trabalho na Indústria, onde adquirir habilidades e implementar projetos de acolhimento, saúde e primeiros socorros. Nesse período, formei a ergonomia e, durante a pandemia, fiz uma pós-graduação na área. Em 2022, aprofundei meus estudos ao ingressar no Mestrado na UTFPR, onde, ao longo de dois anos, desenvolvi minha tese sobre ergonomia nas organizações, focando no sistema industrial e na saúde do trabalhador.
Qual a principal dificuldade que as mulheres enfrentam para tentar equilibrar o trabalho e a vida pessoal atualmente?
Tenho percebido, ao longo das minhas experiências, que muitas mulheres, embora não todas, vivem sobrecarregadas com inúmeras tarefas. Historicamente, elas lidam diariamente com demandas que desativem tempo e flexibilidade, recursos que não possuem e muitos sequer conseguem acessar.
As mulheres muitas vezes precisam lidar com a falta de tempo, o que se torna ainda mais exigente para mães solo, que dependem de parentes, amigos ou vizinhos para suporte. Com isso, acaba deixando de lado seus projetos e sonhos para atender prioridades imediatas.
A ausência de acesso e oportunidades, como uma rede de apoio ou recursos financeiros, pode limitá-las ainda mais, impedindo ações que promovam suas realizações pessoais.
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Como as mudanças de hábitos podem impactar positivamente a produtividade e o bem-estar? Se puder, compartilhe exemplos?
Os hábitos são extraordinários, mas não devem ser vistos como fonte de sofrimento na vida das pessoas. Eles precisam ser adotados gradualmente e integrados à rotina de forma equilibrada.
Não existem manuais universais para a adoção de hábitos, pois eles são extremamente individuais. Hoje, métodos e ferramentas ajudam a identificar onde melhorar o dia para incorporar novos comportamentos.
Hábitos são construções diárias que exigem motivação e força de vontade, mas o principal é uma disciplina. Ela é o motor que alavanca os resultados, e, como tudo, exige tempo — hábitos não surgem da noite para o dia.
Por exemplo, gatilhos mentais podem ajudar nesse processo. Colocar o tênis antes de qualquer distração já ativa a mente para realizar uma caminhada, corrida ou exercício físico. No caso da leitura, criar um espaço organizado e agradável é essencial. Não precisa ser uma cadeira específica ou um cenário perfeito. Um local iluminado, arejado e com objetos que tragam conforto já é suficiente.
A conexão emocional também é importante. Sempre digo: ‘É preciso sentir para fazer sentido’.
Na sua visão, quais estratégias são mais eficazes para gerenciar o tempo e evitar o acúmulo de tarefas?
Os hábitos são extraordinários, mas não devem ser vistos como fonte de sofrimento na vida das pessoas. Eles precisam ser adotados gradualmente e integrados à rotina de forma equilibrada.
Não existem manuais universais para a adoção de hábitos, pois eles são extremamente individuais. Hoje, métodos e ferramentas ajudam a identificar onde otimizar o dia para incorporar novos comportamentos.
Hábitos são construções diárias que exigem motivação e força de vontade, mas o principal é a disciplina. Ela é o motor que alavanca os resultados, e, como tudo, exige tempo — hábitos não surgem da noite para o dia.
Por exemplo, gatilhos mentais podem ajudar nesse processo. Colocar o tênis antes de qualquer distração já ativa a mente para realizar uma caminhada, corrida ou exercício físico.
No caso da leitura, criar um espaço organizado e agradável é essencial. Não precisa ser uma cadeira específica ou um cenário perfeito. Um local iluminado, arejado e com objetos que tragam conforto já é suficiente.
A conexão emocional também é importante. Sempre digo: “É preciso sentir para fazer sentido.”
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Quais sinais de alerta indicam que alguém precisa reverter sua rotina para reduzir o estresse e buscar equilíbrio?
Muitos são os sinais de alerta: estresse, depressão, insatisfação rotineira. No entanto, acredito que o esgotamento seja o mais impactante. Mesmo com descanso, sono, reflexões ou mudanças na rotina, o sintoma de esgotamento físico e/ou mental é difícil de ser eliminado.
Hoje, existem mecanismos para tratar esse problema. Eles incluem o acompanhamento por profissionais de saúde habilitados em suas áreas e terapias alternativas, como reiki, massagens, entre outros. O importante é não permanecer nessa condição por muito tempo, pois o burnout, ou síndrome do esgotamento, pode trazer inúmeros prejuízos.
A Organização Mundial da Saúde classifica essa patologia como uma das mais relevantes globalmente. Ela não está relacionada ao poder aquisitivo, mas sim às condições e à capacidade de lidar com a intensa dinamicidade do mundo atual.
Como lidar com a culpa de não conseguir dar atenção suficiente ao trabalho ou à família?
É difícil porque muitas vezes mascaramos a verdadeira razão da “falta de tempo” com justificativas e desculpas, como martirizar-se falando do sistema, do trabalho, dos horários, etc. Entendo que todos temos muitas tarefas diárias, mas o fato de querer dar conta de tudo acaba nos sobrecarregando fisicamente e mentalmente, e uma depende da outra.
É claro que muitas vezes temos mais de um trabalho ou não contamos com uma rede de apoio suficiente. Nesse caso, os problemas aumentam porque não conseguimos definir nossas prioridades. Além disso, também não queremos ouvir que precisamos reduzir algumas atividades, e falo isso por experiência própria. O que pode ser relevante é diminuir o ritmo sempre que possível e definir dias específicos para determinadas tarefas.
O melhor neste caso é planejar. Como? Às vezes, é necessário procurar um profissional que ajude a entender melhor a rotina individual, profissional ou até mesmo familiar.
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Você acredita que pequenos ajustes na rotina podem trazer grandes transformações? Quais mudanças simples você recomendaria para começar hoje?
Com certeza, ajustes é a palavra ideal, tudo se ajeita como dizem. Não há um pó mágico nem receita de bolo, cada ser humano tem sua necessidade, sua personalidade, seu código fonte e forma de realizar as coisas. Mas entendo que o primeiro passo é compreender que precisa mudar, isso já é um bom começo.
Depois, aderir a hábitos que trarão mais leveza no dia a dia. Transformar a rotina pesada — que algumas vezes acabamos tornando insuportável — em algo mais tranquilo de ser vivido. Justamente porque mudar gasta energia, e nós, seres humanos, não queremos gastar energia, já que o cérebro entende que, para sobreviver, precisa economizá-la.
Por isso que fazer algo novo é realmente um desafio para algumas pessoas, enquanto outras têm mais facilidade devido à aplicação de mecanismos ou por uma forma mental nata de realizar as atividades. O importante é que, quando não temos a disciplina de cumprir tarefas, podemos adquiri-la.
Qual o seu conselho?
De forma simples, recomendaria entender a si mesmo primeiramente, identificar quais prioridades precisam ser tratadas em sua vida, depois pensar o que te leva mais perto dos seus objetivos e o que te distancia deles. E somente então, pensar quanto tempo do dia destina para aquelas tarefas que irão alavancar os resultados que você almeja..
