Após receber rim de irmã, Rosângela volta a aproveitar momentos em família e fazer novos planos
Movida pelo amor à irmã mais velha, a enfermeira Daniela Ribas, de 31 anos, doou uma parte de si no momento em que a saúde de Rosângela Fernandes mais precisava.
A ligação entre elas se tornou ainda mais forte, a partir do transplante renal realizado em 29 de agosto de 2022, no Hospital Universitário Cajuru, em Curitiba (PR).
A doação em vida apenas foi possível porque a doadora apresentava compatibilidade com a paciente e boas condições de saúde.
“Ver minha irmã sofrendo com a doença renal crônica e dependendo da hemodiálise me fez não ter dúvidas de que precisava ajudá-la. Sem que ela soubesse, solicitei o exame de histocompatibilidade para o nefrologista responsável e, dias depois, chorei de emoção ao descobrir que poderia ser a doadora”, revela Daniela, que trabalha no mesmo hospital onde o transplante foi realizado.
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De mãos dadas no pré-operatório, a união das irmãs foi selada para toda a vida. Após mais de 12 meses de espera por um rim, Rosângela pode voltar a aproveitar os momentos em família e fazer novos planos.
“Ter a Daniela como minha doadora traz uma emoção que vai além do que conseguiria expressar em palavras. Nunca vou deixá-la esquecer que, se estou aqui hoje, é porque ela tomou uma decisão grandiosa e salvou a minha vida. Para ela, toda a minha gratidão e amor”, reconhece a transplantada renal, de 40 anos, que convive com a diabetes tipo 1 desde jovem.
Da insuficiência renal até o transplante
O Brasil desponta como um dos líderes mundiais em transplante e retoma os índices pré-pandemia.
Segundo dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), foram quase 26 mil transplantes de órgãos, tecidos e medula óssea em 2022 e, apenas no período de janeiro e junho de 2023, foram realizadas cerca de 14,1 mil cirurgias, sendo mais de 2,8 mil delas relacionadas ao rim.
Dentro dessa operação, o Hospital Universitário Cajuru, que atende exclusivamente pelo SUS, é referência e já realizou 36 transplantes renais nos primeiros oito meses deste ano.
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“A excelência da equipe de transplante torna possível que, entre 95% e 98% dos casos, haja sobrevida do enxerto e do paciente ao longo do primeiro ano”, afirma o nefrologista e coordenador do serviço de transplante renal, Alexandre Tortoza Bignelli.
O transplante de rim é a única opção quando o órgão não funciona nem se recupera com tratamentos convencionais.
As causas
Causada principalmente pela pressão arterial alta e diabetes, a doença renal crônica afeta a capacidade dos rins de filtrar os resíduos metabólicos do sangue e implica na necessidade de hemodiálise para realizar essa função.
Quando o prejuízo é irreversível e grave, a saída é o transplante: um procedimento de alta complexidade, que exige muita competência médica, estrutura hospitalar e solidariedade humana.
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“Toda uma equipe multidisciplinar se envolve para que pacientes deixem a condição de dependência de uma máquina para enfim serem reinseridos na sociedade. São médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, psicólogos e tantos outros profissionais que gerenciam a lista, avaliam pacientes, preparam e fazem o acompanhamento pós-cirúrgico”, contextualiza Bignelli.
Para que a vida continue, uma única conversa declarando-se doador pode mudar tudo. No Brasil, o número de doações tem aumentado e batido recorde ao alcançar uma média de 19,2 doadores por milhão de habitantes no primeiro semestre deste ano.