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Bruna queria equilíbrio entre vida pessoal e profissional e encontrou no empreendedorismo artesanal uma forma de tornar isso possível com a Amélie Biscoiteira
A confeitaria nasceu em um momento de mudança muito grande na vida de Bruna Biazzi. Ela saiu do interior de São Paulo para morar em Chapecó, Oeste de Santa Catarina, por uma necessidade da família. O novo endereço também deu espaço a oportunidade.
“Decidi construir alguma coisa que fosse minha. Então, eu passei muitos meses estudando, entendendo sobre todas as possibilidades, até que pudessem se conectar com a minha formação – que é engenharia química – e a minha forma de enxergar o mundo”, conta a empreendedora.
“Foi como se eu tivesse encontrado um pedaço do meu caminho ali, né? Isso foi em abril de 2024 e em junho de 2024 a Amélie nasceu, depois de me jogar na ideia e arriscar tudo”, complementa.
Um toque de cinema na biscoiteria
O nome Amélie vem de um filme (o francês O Fabuloso Destino de Amélie Poulain). O longa-metragem europeu é o filme preferido de Bruna e tem um significado especial para ela.
“A protagonista desse filme tem esse olhar de encanto pelo mundo. Ela toma ações, transforma a vida das pessoas ao redor dela com gestos pequenos, gestos anônimos, para tornar o dia delas mais leve, mais bonito. E eu sempre acreditei muito nesse poder de pequenas ações, da delicadeza que transforma o momento. Desse impacto que ninguém fala da gentileza, mas que a gente sente, sabe?”.
Ela lembra que sempre gostou de servir as pessoas ao seu redor e fazer algo especial para elas, presentear com alguma coisa que fosse feita pelas mãos dela, mas nunca havia imaginado empreender com biscoitos.
Foi assim que Bruna imaginou a biscoiteria, que não poderia ter um nome nem uma inspiração diferente. A empresa nasceu, segundo ela, muito pra ser um presente que leva aconchego, um biscoito que carrega um afeto e o detalhe que vai tornar o dia de alguém mais especial.
Bruna combina ingredientes e sentimentos
Com 30 anos, a engenheira química de formação atuou primeiro na área de cosméticos. Sempre fez as próprias composições ─ misturas e alquimias, criando coisas – e entendeu que a confeitaria também tem essa magia, de combinar ingredientes, de criar texturas e transformar em algo especial. Também tem um quê de nostalgia na história de Bruna e da biscoiteria Amélie.
Quando criança, ela passou muitas férias em Santa Catarina para visitar a “nona”, mãe do pai dela. A memória de infância ficou viva: o jeito como a avó e as pessoas daqui recebem as visitas no interior, com uma bacia cheia de bolacha.
“Onde eu morava isso não era muito comum. Então, eu achava um gesto tão carinhoso, tão acolhedor… Eu acho que esse carinho do servir ficou em mim e, de certa forma, acaba ressoando no que eu escolhi fazer hoje”, conta Bruna.
Essa memória afetiva está realmente em cada detalhe. No instagram da empresa, a definição está lá pra quem quiser ver: biscoitos finos e afetivos.
Sabor fino e delicado
Para Bruna, o produto vai além do sabor. Os biscoitos são finos e delicados, porque são bem feitos, porque há cuidados nos detalhes.
“Não é só um biscoito que é para ser bonito. É um biscoito que é pensado para ser especial, que é pra ser gostoso. E afetivo porque cada um vai carregar um pouco da minha história e vai ser tornar parte da história de quem tá comprando também”.
A dona do Amélie avalia que agora consegue entender mais esse processo e aplicá-lo nas novas criações. Um exemplo é o biscoito de castanha do Pará, que vai ser lançado no novo catálogo deste ano.
O produto surgiu porque os pais dela moram no Acre e sempre trazem castanhas bem frescas do Norte do país.
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“Eu queria alguma coisa que me conectasse com essas raízes que eu tenho, sou apaixonada pelo Norte do Brasil. Eu fui testando até chegar na receita ideal para mim. E além disso, além dessa parte pessoal, eu estou sempre estudando, estou sempre buscando novidades para poder melhorar os detalhes dessas criações”.
Mas qual será o sabor preferido de quem produz tantas delícias? A resposta está no início desta jornada.
“Para mim, o sabor mais especial, e o que eu mais gosto, que é mais difícil resistir é quando eu faço uma produção do biscoito sem recheio de chocolate, porque ele foi o primeiro que eu criei. Então, ele tem esse significado a mais e eu amo como ele equilibra o amargor do biscoito 100% com o doce do açúcar. Tem uma textura mais crocante, mas fica macio na boca e me conquistou desde o começo”, conta Bruna.
A rotina e a realidade
A rotina de Bruna hoje se divide por todas as fases da produção e da administração da empresa. De manhã, ela organiza as redes sociais, além de pedidos, faz as compras de matéria-prima e atualiza a parte financeira. O período da tarde é dedicado à criação, com toques especiais.
“O meu ritual especial é me arrumar, colocar uma roupa bonita e uma música para tornar o processo mais leve e prazeroso.”
Desfios e oportunidades
O maior desafio da Amélie foi no último natal. Como nunca tinha gerenciado um negócio, Bruna acabou se vendo em meio a um turbilhão.
O entendimento sobre a própria capacidade de produção em relação ao número de pedidos fez ela virar as noites para conseguir fazer todas as entregas.
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Mas vencer essa etapa também foi uma grande alegria para entender o tamanho do que estava construindo.
“Esse aprendizado é o que tem guiado tudo que a gente está preparando para esse ano, todas as novidades, todas as campanhas… Tudo está sendo feito com esse olhar de que a gente pode fazer muita coisa ainda”, reforça ela.
No momento, a Amélie trabalha apenas com encomendas, que podem ser feitas tanto pelo Instagram, quanto pelo WhatsApp.
Além do consumidor final, a biscoiteria também trabalha com encomendas para eventos e tem opções personalizadas para empresas. Entregas que fazem parte do propósito e do significado dessa iniciativa.
“O que eu gostaria de sentir quando as pessoas provassem os biscoitos? Eu gostaria que ela sentisse tanto o carinho de quem preparou e, se for um presente, o carinho e o afeto de quem escolheu com tanto cuidado. Para que aquela pessoa naquele momento se sinta lembrada, se sinta importante. E acima de tudo que ela perceba que o simples também tem poder. É nisso que eu acredito”, conclui Bruna.