Psicóloga da Unimed Personal Chapecó, Deisy Parnof, fala sobre o Janeiro Branco e a importância dos cuidados com a saúde mental

Com o início do ano, muitos de nós ainda estão focados em cumprir metas não alcançadas em 2023 ou organizar um novo planejamento para este novo ano. Olhando, muitas vezes, com certa decepção pelos sonhos ou objetivos que não saíram do papel.

É neste momento que surge o Janeiro Branco, uma campanha que oferece um novo olhar para essa época do ano, propondo a criação de uma cultura de cuidados com a saúde mental.

A campanha, que teve início em 2014 por psicólogos de Uberlândia, em Minas Gerais, quer chamar a atenção das pessoas para a importância da saúde mental, aproveitando o momento em que as pessoas estão mais focadas em resoluções e metas para o ano.

Em 2024, a campanha completa 10 anos, e o tema é “Saúde mental enquanto ainda há tempo!”

De acordo com a psicóloga da Unimed Personal Chapecó, Deisy Parnof, janeiro é o mês ideal para essa reflexão, pois marca o início do ano e permite que as pessoas avaliem a qualidade de suas relações, do passado vivido e dos objetivos para o ano que se inicia.

“Janeiro pode ser considerado uma página em branco, uma espécie de portal entre ciclos que se fecham e ciclos que se abrem na vida de todos nós. A cor branca foi escolhida por, simbolicamente, representar “folhas ou telas em branco” sobre as quais podemos projetar, escrever ou desenhar expectativas, desejos, histórias ou mudanças com as quais sonhamos e desejamos concretizar”.

Bem-estar e saúde mental

A campanha quer promover a conscientização sobre a importância da saúde mental, oferecendo informações, conhecimentos e recursos para que as pessoas possam investir em si mesmas e em relacionamentos com mais qualidade.

Além disso, a campanha busca inspirar a criação de políticas públicas dedicadas às necessidades psicossociais, combater estigmas e preconceitos relacionados à saúde mental, e encorajar atitudes de cuidado e diálogos abertos sobre o tema.

“Se nossa saúde mental não vai bem, nada vai bem”, destaca Deisy Parnof, ressaltando a relevância de prevenir adoecimentos em saúde mental.

Aumento na procura por atendimento psicológico

Deisy relata que estudos vêm demonstrando um aumento de 80% na procura por atendimento psicológico, devido, principalmente, às consequências da pandemia de Covid-19.

O Brasil é o quinto país onde as pessoas mais sentiram os efeitos da pandemia, como a perda de amigos e familiares, medo da morte ou até mesmo os efeitos negativos do isolamento social.

“As maiores queixas trazidas pelos pacientes se relacionam aos sintomas de ansiedade e depressão. O que se percebe é que antes da pandemia, esses quadros já ocorriam, as pessoas já vinham com uma rotina que exigia muito da saúde mental. Com a pandemia, percebe-se uma piora na saúde mental das pessoas em todas as idades, mesmo naquelas que nunca haviam antes apresentado transtornos mentais”.

Além disso, ela explica que a vida moderna vem trazendo demandas que geram exaustão emocional, como autocobranças pelo corpo perfeito e rotina perfeita, consumo excessivo das redes sociais com conteúdo “vazios” que disputam a busca pela vida perfeita, excesso de rotina de trabalho, necessidade de dar conta de tudo, entre tantos outros, sem pensar nas consequências que traz para a saúde de maneira integral.

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Como reconhecer que está na hora de procurar um psicólogo?

Em um alerta sobre a saúde mental, a psicóloga destaca a importância de prestar atenção a sinais e sintomas que podem indicar um impacto no bem-estar emocional. Ela lista alguns indicadores que podem ser os primeiros sinais de que é hora de procurar a orientação de um profissional de saúde mental.

Entre os sinais estão preocupações e medos excessivos, uma visão irreal dos problemas, inquietação constante ou a sensação persistente de estar “nervoso”.

A irritabilidade frequente, tensão muscular inexplicável, dificuldade em manter a concentração, e um pensamento contínuo focado em aspectos negativos são igualmente indicativos, também pode indicar que algo não está bem.

A lista de sintomas, citadas por Deisy, abrange também náuseas, queimação no estômago, fadiga persistente, dificuldade para dormir ou manter-se acordado, tremores ou espasmos repentinos, sensação de estar constantemente assustado, taquicardia persistente, humor deprimido e desânimo acentuado.

Alterações no apetite, pessimismo associado a sentimento de culpa ou de inutilidade, pensamentos de morte ou suicídio, comportamento de isolamento e a falta de esperança em relação à vida são sinais adicionais a serem levados a sério.

Esses sintomas, quando negligenciados, podem causar uma significativa queda na qualidade de vida e gerar um sofrimento profundo. Deisy Parnof ressalta a importância de reconhecer esses sinais e buscar ajuda profissional.

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Como cuidar da saúde mental diariamente?

Deisy completa que é preciso reconhecer e aceitar que pequenas mudanças podem gerar grandes resultados para o corpo e para a mente.

“É importante destacar que a saúde mental não pode estar desconectada da saúde do corpo, pois devemos olhar de forma integral”, lembra.

Segundo a psicóloga, desfrutar de saúde mental é ter condições de lidar com as diferentes emoções (boas e ruins), impor limites, reconhecer suas emoções, ou seja, não é estar bem o tempo todo mas, saber quais recursos utilizar para lidar com os momentos de dificuldade emocional.

“Assim como a saúde física, existem ações que necessitam ser colocadas em prática para estimular e melhorar a saúde mental”.

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Confira dicas para cuidar da saúde mental

  • Comece o dia fazendo algo por você, que proporcione relaxamento e bem-estar.
  • Cuide do sono e ritmo circadiano (é a maneira quel nosso organismo se adapta à duração do período claro (dia) e do período escuro (noite).
  • Estabeleça horário para dormir e acordar.
  • Faça higiene do sono: minimize a exposição à luz durante a noite e desligue dispositivos eletrônicos duas horas antes da hora de dormir.
  • Crie um ritual agradável como tomar um banho, ler um livro ou tomar um chá de cor clara, durma em ambiente escuro e silencioso.
  • Evite calor ou frio excessivos no ambiente, não durma com fome, faça refeições leves à noite.
  • Evite a ingestão de bebidas estimulantes, como cafeína ou chás escuros, use a cama para dormir e não para estudar ou trabalhar.
  • Pratique exercício físico ao menos três vezes na semana.
  • Alimente-se regularmente e evite alimentos industrializados, dando sempre preferência aos alimentos in natura. Evite excesso de açúcar e gordura.
  • Consuma ao menos dois litros de água ao dia.
  • Tenha um passatempos e dedique algum tempo da sua agenda para atividades que geram prazer e bem-estar.
  • Pratique meditação, técnicas de relaxamento ou respiração, as quais irão lhe ajudar a desacelerar.
  • Fortaleça seus laços e vínculos afetivos, esteja com pessoas que lhe façam bem.
  • Permita-se momentos de relaxamento, “não fazer nada”. Exigência pessoal em excesso provocam sobrecarga e sintomas de estresse.
  • Evite o uso do cigarro, álcool ou outras drogas.
  • Desconecte-se das redes sociais o máximo que conseguir.

Atenção especial

  • Evite os excessos de autocobranças, perfeccionismo, querer estar bem o tempo todo, conecte-se mais com você.
  • Evite automedicação, busque profissionais da saúde capacitados.
  • Busque um profissional de saúde quando as estratégias utilizadas não estiverem sendo suficientes para sua estabilização emocional.
  • Consulte seu médico ao menos uma vez ao ano.
  • Faça Psicoterapia para autoconhecimento.

Lembre-se! Sua matrícula na academia, nutricionista, atendimento psicológico, consulta médica e todos os gastos que envolvem a saúde física e mental são investimentos, não despesas.