Elas apostaram na gastronomia afetiva (1)

Gastronomia afetiva é diferencial de propriedade com turismo rural. Família se uniu e fez da tradição um negócio

O maior patrimônio que pode ser passado entre as gerações são as tradições culturais, as memórias e as histórias de família. As mulheres da Família Stoffel sabem bem disso.

Moradoras de Itapiranga, cidade de 17 mil habitantes ─ que fica no Extremo Oeste de Santa Catarina, decidiram investir no turismo rural.

Clarice, o marido Irineu e as filhas ─ Marciane e Marciele ─ abriram o portão de sua propriedade – que está na quinta geração – para que os visitantes possam desfrutar das belezas naturais, de passeios e da gastronomia típica alemã.

O apoio para ingressar na nova atividade veio da Prefeitura da cidade e do Sebrae/SC, por meio de capacitações disponibilizadas pelo Programa Cidade Empreendedora.

A família já possuía um quiosque na propriedade rural usado para as confraternizações e para aproveitarem nos momentos livres, além de um pequeno jardim bem organizado.

Aos poucos começaram a receber alguns visitantes e conheceram a Ana Pauli – formada em Turismo e que organizou os primeiros roteiros dentro do município – e a engenheira agrônoma Carine Babick – que na época tinha feito um intercâmbio.

“Elas nos incentivaram muito, principalmente, no sentido de enxergar o potencial da atividade”, relembra Marciele.

Elas apostaram na gastronomia afetiva

Visitantes vem em busca da experiência da gastronomia afetiva

No início, muita insegurança, porque a família tinha por tradição fazer apenas o cardápio aprendido com os antepassados.

“Nos preocupamos porque para nós não havia nada de diferente, pois é um costume. Logo percebemos que o turista vem atraído, justamente, para degustar esses saberes e sabores repassados por gerações. No entanto, a gastronomia afetiva tem sido muito valorizada”

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Marciele comemora ao recordar os elogios recebidos dos visitantes e o incentivo deles para que continuassem com a atividade.

A gastronomia se tornou um dos principais diferenciais da família.

A receita de waffle vem do caderno da avó e se tornou o pedido mais requisitado, assim como o café do campo com a culinária.

“A distinção é justamente o sabor artesanal, pois a maioria dos itens utilizados são produzidos na propriedade”, argumenta. 

Vivência do meio rural

Outro atrativo é o atendimento familiar.

“Isso encanta muito os turistas, pois o contato para às visitas é feito com um de nós, assim como a recepção, os passeios e as receitas”.

No entanto, ela lembra que os visitantes gostam de ter essa vivência do meio rural, o contato com a natureza e degustar a gastronomia afetiva e típica.

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Marciane e Marciele trabalhavam como professoras, ajudavam seus pais no atendimento dos turistas e na propriedade em horas vagas.

Com o tempo, a família vislumbrou esse potencial turístico que estava avançando e poderia crescer ainda mais.

Marciele foi a primeira a retornar, após o nascimento da filha Ana Clara (atualmente com sete anos), influenciada, principalmente, pelo desejo em oportunizar a ela crescer em meio a natureza.

“Faz sete anos que estou ajudando meus pais, que atuam também na compra e venda de novilhas. Não me arrependo desta escolha, pois avançamos e ampliamos os investimentos no turismo”, analisa.

Marciane trabalha integralmente na propriedade há três anos e também oportuniza aos filhos Matias (6 anos) e Sara Cristina (4 anos) essa vivência do meio rural.

Cursos e capacitações para melhora o negócio

Os empreendedores participaram de vários cursos e capacitações na área do turismo oferecidos pelo Sebrae/SC.

“Não sabíamos como trabalhar com os visitantes e como agregar valor à propriedade. Isso era novidade para nós e as qualificações auxiliaram muito para aprimorar o atendimento, com as boas práticas de manipulação de alimentos e no marketing”, agradece Marciele.

Ela completa que o “apoio foi muito importante em nossa trajetória e somos muito gratos por esse conhecimento.”

Entre os desafios enfrentados esteve a rentabilidade da atividade.

“Somente agora, após cinco anos, temos o retorno do que investimos. Estamos muito felizes, e o principal não é a parte financeira, ela é necessária para manter toda a estrutura, mas a união da família em trabalhar no negócio, essa vivência oportunizada entre as gerações e a valorização dos visitantes nos motiva e é gratificante”, avalia.