Entrelinhas da história de uma mulher comum _ana_zattar_

Quando algumas conquistas no universo feminino passam despercebidas, precisamos lembrar do caminho que já foi percorrido

Por Ana Lucia Zattar Coelho, especialista em Meio ambiente e saúde e professora da Área de Linguagens Cultural e Corporal do Centro Universitário Internacional Uninter

“Olá, meu nome é Ana, sou professora, separada, mãe da Giulia e nunca fui apedrejada. Sou dona de uma microempresa individual, tenho um perfil nas redes sociais sobre sustentabilidade e escrevo livremente sobre as minhas ideias.

Já fiz duas faculdades e estou na terceira pós-graduação, além dos cursos livres que já participei. Posso sair de casa quando, como e com quem eu quiser. Já viajei o mundo sozinha, fui, voltei, experimentei, gostei ou não gostei.

Usei vestido longo, curto, usei trajes de banho, inclusive biquíni. Já usei até calça e muitas vezes soltei o meu cabelo. Sempre carrego um livro comigo pois eu adoro ler – sempre gosto de aprender alguma coisa nova sobre assuntos variados!

Ganho o meu dinheiro e o gasto também – onde e com que eu quiser. Às vezes, até me arrependo de algumas compras.

Ando de bicicleta e já pratiquei muito esporte, inclusive desde pequenininha. Sei dirigir, já votei várias vezes, tomei várias decisões e algumas delas sem pedir a opinião de ninguém. Trabalhei em cargos de liderança, inclusive à frente de equipes que continham muitos homens!”

É história de uma mulher comum

Parece uma história simples, comum, normal, mediana, daquelas que a gente conhece um montão por aí. Porém as entrelinhas da narrativa gritam conquistas femininas importantes, alcançadas ao longo da história com muita luta, coragem e superação de todo um grupo social.

Algumas conquistas do universo feminino podem passar despercebidas por mulheres que nasceram neste universo cultural.

Mas é fundamental lembrar a quem conseguiu certa posição mais justa nessa luta de gêneros, que o caminho percorrido por outras no passado foi árduo, dolorido, longo e que ainda há chão pela frente. Tem muito a se fazer nessa seara.

Segundo a ONU, a importância de ter em um dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável a temática da igualdade de gêneros é dar atenção e ação a muitos problemas que assolam as mulheres e meninas de todos os países do mundo.

Esse objetivo da Agenda 2030 da ONU, ODS 5, está voltado para essa causa, referindo-se ao alcance da igualdade de gênero e o empoderamento de mulheres e meninas, e “visa intensificar as ações, não apenas nas áreas de saúde, educação e trabalho, mas especialmente no combate às discriminações e violências baseadas no gênero”.

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Não podemos parar

De acordo com dados do IPEA, a porcentagem de mulheres em posições gerenciais (que é um dos indicadores da igualdade de gênero), em 2017, era de 39,2% e dos homens de 60,8% e o tempo gasto em trabalhos domésticos não remunerados por mulheres, também em 2017, era de 11,5 horas por dia e dos homens de 5,1 horas.

Ao analisarmos superficialmente esses números, podemos facilmente perceber que a caminhada para a igualdade ainda está em andamento.

Pautada nesses objetivos e balizados pelos indicadores desse ODS 5, é possível que os países unidos e representados por seus povos, com a mudança de mentalidade e adotando ações efetivas, atinjam o cumprimento total dessa meta.

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Assim, talvez possamos conhecer histórias mais humanas em qualquer lugar do mundo, muito semelhantes àquele relato “comum” descrito no início deste texto, mas que esconde nas entrelinhas muita luta, muita lágrima, muito suor e muita superação.

Emoções e sensações que fizeram parte de todas as conquistas sociais de várias gerações de mulheres e que contribuíram para a construção do cenário que nos é apresentado atualmente.