Cristiane Tonet é exemplo de como liderança feminina cresce, impulsiona melhorias no cenário corporativo e também reflete positivamente nos negócios
Há 16 anos, Cristiane Tonet ingressou como executiva de contas na Sancon, empresa de tecnologia de Joaçaba, no Oeste de Santa Catarina.
Depois de passar por outros cargos dentro da mesma companhia e ajudar no seu crescimento, hoje ela ocupa o cargo de diretora de operações, um dos postos mais altos dentro do Grupo Sancon (formado pela Pronnus, empresa de soluções de segurança da informação, e pela Sancon, empresa de TI que oferece soluções para gestão empresarial e está há quase 30 anos no mercado), que conta com mais de 100 colaboradores.
“A diversidade é essencial para o sucesso de qualquer organização e eu tive a felicidade de encontrar as oportunidades de crescimento que precisava dentro da Sancon”, lembra Cristiane.
Enquanto gestora, ela lembra que busca promover colaboração e incentivar o crescimento pessoal e profissional de toda a equipe. No grupo, 53% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres.
“Para este Dia Internacional das Mulheres, encorajo todas a persistirem em seus objetivos, acreditarem em seu potencial e a ocuparem os espaços que merecem”, reflete Cristiane.
O exemplo de Cristiane é uma realidade atual no mercado de trabalho. A presença de mulheres em cargos de liderança nas empresas vem crescendo gradativamente.
Segundo o 9º relatório anual Mulheres no Local de Trabalho, realizado pela McKinsey & Company e pela LeanIn.org, entre 2015 e 2023, a presença de figuras femininas em cargos executivos saltou de 17% para 28%, globalmente.
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Os números animam, mas também mostram que ainda há um longo caminho a ser percorrido para alcançar a igualdade de gênero no mundo corporativo.
Outro estudo da McKinsey & Company revela que companhias que investem em diversidade de gênero têm 15% a mais de chances de ter rendimentos acima da média.
A força do ESG no mercado também tem impulsionado que as empresas revejam questões outrora vistas como menos importantes, como o incentivo à ocupação de espaços por parte das mulheres.
Desigualdade salarial e liderança feminina
A presença de mulheres em cargos de liderança e a disparidade salarial entre gêneros são temas interligados. Isso porque a diferença salarial entre homens e mulheres é algo que existe desde sempre e, mesmo ocupando os mesmos espaços, por muitas vezes, um preço a se pagar é ter um salário menor.
O que é comprovado por estudos, como o da consultoria Mercer, que aponta que a remuneração das mulheres é, em média, 20% menor do que a dos homens, nos cargos de liderança. Em posições mais baixas essa diferença diminui.
No Brasil, em 2023, foi regulamentada por meio do decreto nº 11.795, a Lei de Igualdade Salarial (nº 14.611/23), que obriga empresas com mais de 100 funcionários a publicarem informações sobre os salários pagos.
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Segundo o advogado Marco Antonio Coelho, do escritório Flávio Pinheiro Neto Advogados, a mudança na legislação tem por função impulsionar de forma objetiva as ações de regularização das políticas de remuneração das organizações visando a obtenção da equidade salarial utilizando-se da publicidade e transparência.
“A transparência salarial é importante para identificar e corrigir disparidades que possam implicar na prática de políticas injustas de remuneração entre funcionários, especialmente aquelas decorrentes de preconceitos de gênero”, conta.
No entanto, ele afirma que vale lembrar que para que a “desigualdade deixe de existir é necessário um esforço mútuo entre empresas, governos e sociedade, para que, mais do que a força de obrigação trazida pela lei”.
Para o advogado, outras medidas precisam ser tomas, preferencialmente no fortalecimento da cultura integrativa e de reconhecimento das habilidades geradoras de soluções e resultados que, definitivamente, não se resumem a um único gênero.