mães devem observar para saírem do ciclo da culpa

Ciclo da culpa: como as mães podem alterar essa realidade. Pedagoga Beatriz Monteiro explica como podemos fazer a construção de uma autorresponsabilidade transformadora

Por Beatriz Montenegro, é pedagoga, Neuropsicopedagoga e Educadora Parental

Em pleno 2022, onde a informação percorre em uma velocidade imensa, ainda temos muitas mães sentindo-se presas a culpas e mais culpas em relação a educação que oferecem aos seus filhos. E os motivos são diversos: porque trabalham, porque não conseguem equilibrar todas as funções da forma como gostariam, porque possuem pouca paciência, porque o filho ainda não alcançou x habilidade, etc.

A culpa é um sentimento com uma ação bastante interessante dentro de nós. Por um lado, ela nos “castiga”, nos leva á tristeza e, por outro, ela nos consola, pois sempre tem uma desculpa, um motivo, um não fiz porque…

Sair da culpa é um caminho muito mais leve e prazeroso de trilhar com os nossos filhos, pois assumo a responsabilidade das minhas escolhas e tenho conhecimento que ampara as minhas ações e permite que eu trace um novo caminho. Mas como fazer a transformação? Em primeiro lugar, preciso do processo de consciência que consiste em enxergar onde eu sinto a culpa, onde ela me corrói, baseada em que e porquê sinto tudo isso?

Muitas mães querem alterar a ordem deste caminho, pois querem saber o que fazer? Essa é a pergunta que eu mais recebo no consultório, nas palestras e na minha comunidade de mães: “O que eu faço?”, “Como eu faço isso?”.

::: Acompanhe também >>> Educação respeitosa: um novo olhar sobre criar filhos

Responsabilidade e o clico da culpa

Sem tomar consciência da nossa história, das nossas limitações e crenças será impossível alterar a ação.

Quando a mãe quer trazer a ação antes da consciência, ela busca a fórmula, a receita perfeita e tenta seguir aqueles parâmetros, usar determinados instrumentos, mas sem, de verdade, compreender todo o contexto. Ai a conclusão é: nada muda e essa mãe novamente se sente frustrada, entristecida e culpada.

Desta forma, comece por você! A educação respeitosa e consciente fala mais sobre nós do que sobre as crianças.

Assim que o processo de consciência estiver claro, você perceberá quais são as habilidades humanas e comportamentais, as famosas soft skills, que você precisa desenvolver na relação com o seu filho. Será que estamos falando de empatia ou de resolução de problemas?

De criatividade ou de inteligência emocional? Ou será que é sobre a escuta ativa? Ou falta comunicação?

Reconhecer o lugar que estamos e qual a melhor habilidade que precisamos desenvolver na relação com os nossos filhos é imprescindível.

Sem se conhecer, é impossível você fazer essa avaliação de forma consistente e conseguir transformar a sua rotina com seu filho.

O que mais desgasta uma mãe é o desejo pelo equilíbrio. Mas como conquistar essa habilidade, essa soft skills, se nem sei o que está desequilibrado, se estou sempre no limite emocional?

Garanto que neste lugar, você não conseguirá vivenciar a maternidade que sempre desejou e ainda aumentará sua culpa, pois sabe que seu filho observa suas reações e aprende a partir da observação como se relacionar e como comunicar o que sente.

O que fazer para sair do clico da culpa?

Confira 4 aspectos essenciais para a liberação da culpa e a construção de uma autorresponsabilidade potente e transformadora:

  • Autoconhecimento: a capacidade de se conhecer, de reconhecer suas explosões, seus gatilhos, seus maiores desafios.
  • Estudar sobre desenvolvimento infantil: ler, estudar e partilhar conhecimento sobre o desenvolvimento infantil e a neurociência da educação é essencial. A mãe que domina esses aspectos, consegue ter a tranquilidade de agir de forma coerente com seus valores e ideais. O estudo permitirá que você desapegue de mitos no mundo da educação como o mito de que trabalhar e criar um filho saudável é impossível. Mito de que temos que estimular a autonomia, sendo que ela é um processo natural pois nós devemos permitir apenas que os nossos filhos cresçam. Mito de que criança não sabe nada e então não confiamos no que elas nos dizem…
  • Estar presente: brincar, se envolver no que seu filho tem desejo, no que ele gosta é essencial para que você construa uma conexão real, verdadeira, genuína e, com isso, terá a certeza de que conhece a essência do seu filho.
  • Conhecer e aprender sobre Soft Skills: essas habilidades humanas e comportamentais trarão ao seu filho um desenvolvimento integral e capaz de transforma-lo, pois será um adulto com empatia, compaixão, escuta ativa, respeito, habilidade de trabalhar em equipe, de se comunicar, ter inteligência emocional, saber se organizar e ser flexível, entre outras vantagens.

Mães emocionalmente saudáveis criam filhos saudáveis, que serão adultos emocionalmente e mentalmente saudáveis.  Mães desgastadas, sentindo-se culpadas e cansadas não conseguem compreender os filhos e acabam levando a eles esses desgastes.

A infância é a única etapa do desenvolvimento de um ser que tem começo e fim determinado, e que influencia diretamente todas as outras como a adolescência, a fase adulta e a velhice. Cuidar da infância é a nossa principal responsabilidade.

Quem é Beatriz Montenegro

Beatriz Montenegro é pedagoga, Neuropsicopedagoga e Educadora Parental pelo API (Certificado Internacional de Apego Seguro). 

Apaixonada por desenvolvimento infantil e pela capacidade de transformação do ser humano atua  em consultório particular com atendimentos de crianças e jovens com dificuldades de aprendizagem, realizando mentoria às famílias que buscam conexão na relação com seus filhos. 

É fundadora da Comunidade Conexão Materna, um grupo de mães que se encontram de forma online para se fortalecerem e refletirem sobre educação, filhos e desenvolvimento.

Idealizadora dos cursos: Desafio do Brincar e Kit Sobrevivência: Rotina Saudável, cursos, cujo foco é o estabelecimento de uma relação saudável entre pais e filhos.