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Psicóloga Ana Café explica como o autodiagnóstico de TDAH nas redes sociais pode prejudicar a saúde mental e como buscar ajuda profissional
O aumento no número de pessoas que se identificam com sintomas de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) nas redes sociais tem gerado preocupações entre especialistas. Embora a conscientização sobre o transtorno seja um avanço positivo, a popularização de conteúdos não verificáveis e a disseminação de “testes” sem embasamento científico, principalmente em plataformas como TikTok, Instagram e YouTube, têm levado muitos indivíduos a um autodiagnóstico equivocado.
O autodiagnóstico ocorre quando alguém, após consumir material na internet, conclui que tem determinado transtorno sem passar por uma avaliação profissional. No caso do TDAH, esse fenômeno pode ser perigoso, pois os sintomas podem ser confundidos com outros transtornos, levando a tratamentos inadequados e até ao uso indevido de medicamentos.
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O perigo da informação não supervisionada nas redes sociais
A psicóloga Ana Café, com mais de 30 anos de experiência clínica, alerta que as redes sociais, ao disseminarem informações sem a devida revisão científica, podem induzir indivíduos a conclusões precipitadas.
“A informação é sempre bem-vinda, mas quando espalhada de forma superficial nas redes sociais, pode induzir indivíduos a conclusões precipitadas”.
Ela lembra que é fundamental que, diante da suspeita de TDAH ou qualquer outro transtorno, a pessoa busque um psicólogo ou psiquiatra para uma avaliação profissional.
Ana Café, fundadora do Instituto ConstruirSer e diretora da Clínica Ana Café Núcleo Integrado de Psicologia e Psiquiatria, enfatiza que muitas pessoas, ao se reconhecerem em relatos de influenciadores ou testes simplificados, podem autodiagnosticar-se com TDAH, sem considerar outras possíveis explicações para seus sintomas.
“O que antes era visto como uma pessoa ‘desatenta’ virou moda. Essa busca por respostas rápidas nas redes sociais pode levar a uma falsa compreensão do transtorno”, complementa.
Como as redes sociais contribuem para a desinformação
Plataformas digitais facilitam a distribuição de conteúdos em larga escala, mas a falta de verificação da informação tem consequências. Muitos criadores de conteúdo compartilham suas próprias experiências, o que pode gerar uma falsa sensação de identificação nos espectadores.
Um estudo realizado pelo The Canadian Journal of Psychiatry revelou que 52% dos vídeos mais populares sobre TDAH no TikTok continham informações imprecisas ou até mesmo erradas.
Esse cenário cria uma “bolha de autodiagnóstico”, onde a pessoa, ao se identificar com sintomas relatados, acredita automaticamente que possui TDAH, sem passar por um diagnóstico médico.
Além disso, muitas vezes esses vídeos sugerem soluções rápidas e medicamentos sem prescrição, o que representa um risco significativo à saúde mental.
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TDAH: o que você precisa saber
O TDAH é um transtorno neurobiológico caracterizado principalmente por desatenção, impulsividade e hiperatividade (em alguns casos). Ele pode afetar o desempenho acadêmico, profissional e a vida social de crianças, adolescentes e adultos.
Os sintomas mais comuns incluem:
- Dificuldade em manter a atenção em tarefas rotineiras
- Tendência a se distrair facilmente
- Esquecimentos frequentes (compromissos, objetos, detalhes)
- Impulsividade na tomada de decisões ou interrupção de conversas
- Agitação constante, principalmente em crianças
O diagnóstico de TDAH deve ser feito por um profissional especializado, como um psicólogo ou psiquiatra, que realiza uma avaliação minuciosa, levando em conta o histórico clínico do paciente, comportamento atual e, quando necessário, entrevistas com familiares.
Como tratar o TDAH com segurança
O tratamento do TDAH envolve uma abordagem multifacetada, que pode incluir:
- Tratamento farmacológico: Medicamentos prescritos por um médico especializado.
- Psicoterapia: A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma abordagem eficaz para ajudar os pacientes a desenvolver estratégias para organizar a vida, melhorar o foco e controlar os impulsos.
- Intervenções psicopedagógicas: Em crianças, a adaptação de atividades escolares pode ser fundamental para o sucesso acadêmico.
- Mudanças no estilo de vida: A prática regular de exercícios físicos, uma rotina de sono adequada e hábitos saudáveis contribuem para a melhora dos sintomas.
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O que fazer se você suspeitar de TDAH?
A psicóloga Ana Café orienta que, diante da suspeita de TDAH, a busca por ajuda profissional é fundamental para um diagnóstico preciso e tratamento adequado.
“Procurar um psicólogo ou psiquiatra é a melhor forma de garantir um diagnóstico seguro e o início de um tratamento eficiente”, afirma.
O aumento de conteúdos sobre TDAH nas redes sociais pode ser positivo para a conscientização, mas é preciso cuidado. O autodiagnóstico e a busca por soluções rápidas podem prejudicar a saúde mental.
A orientação de profissionais como a psicóloga Ana Café é essencial para tratar o TDAH de forma segura e eficaz, garantindo que os pacientes recebam o acompanhamento necessário para uma vida plena e equilibrada.
Existem várias formas de buscar ajuda:
- Psicólogos e psiquiatras: Profissionais especializados que podem avaliar os sintomas e orientar o tratamento adequado.
- Centros de saúde mental: Oferecem apoio especializado em algumas cidades.
- Unidades de saúde pública: O CAPS Infantojuvenil é uma opção para quem busca atendimento especializado.
- Planos de saúde: A maioria dos planos de saúde cobre tratamentos para TDAH, incluindo consultas com psicólogos e psiquiatras.