Você já ouviu falar na Síndrome da Boazinha? Saiba mais sobre esse padrão de comportamento compulsivo, mais frequentemente visto em mulheres
Você se considera boazinha demais? Está sempre em busca da aprovação do outro? Acha que as pessoas podem estar se aproveitando de você, em função do seu jeitinho? Tem dificuldade de dizer não, mesmo que não tenha tempo ou interesse em atender determinadas solicitações?
Se você respondeu sim para estas perguntas, certamente sofre com a “Síndrome da Boazinha”. Este é um padrão de comportamento compulsivo e não um transtorno psiquiátrico, como explica Filipe Colombini, psicólogo e CEO da Equipe AT.
Aqueles que sofrem deste mal, mais frequentemente visto em mulheres, têm um padrão de ações onde existe uma incapacidade de desagradar o outro.
“A pessoa tem uma necessidade intensa de aprovação e não rejeição, colocando toda sua subjetividade em prol da validação, do elogio e da atenção do outro. Ela passa a negligenciar seus sentimentos, pensamentos e valores, colocando sempre o outro em primeiro lugar”, diz Filipe.
Em geral, quem desenvolve este padrão tem baixa autoestima e dificuldades de autoconhecimento.
“E há também a questão da dependência emocional, ou seja, a pessoa tem um ambiente pouco enriquecido, com rede de apoio que deixa a desejar, poucas atividades e habilidades”, destaca Colombini.
Portanto, com certa frequência estes indivíduos com a “síndrome” se colocam em relações abusivas, em prol ou com medo de perder o outro, sua atenção e afeto, construindo relações de forte aspecto utilitarista.
“Por vezes, a pessoa acaba sendo vítima de usurpadores e estelionatários, justamente por sua facilidade em se inserir em relações de abuso, em função da falta de autoconhecimento e todos os déficits de repertório, é como se ela tivesse que se agarrar a qualquer migalha de atenção ou afeto”, diz o psicólogo.
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Atenção: ser prestativa não significa ter Síndrome da Boazinha
Filipe destaca que o fato de “fazer pelo outro” não significa, necessariamente, que a pessoa tenha um problema.
“Quando a pessoa faz coisas que estão conectadas com seus valores e é solícita com aqueles que gosta e valoriza, em situações onde não anula as próprias vontades, está tudo bem”, diz o especialista.
“Fazer pelo outro com equilíbrio, sem que haja sofrimento emocional envolvido, é algo saudável e que nos nutre como seres humanos, afinal, somos seres sociais”, conclui.
O psicólogo ressalta que nossa subjetividade é formada a partir da relação com os outros, o que tem início logo na primeira infância, quando criamos conexões com nossos pais e cuidadores.
É nessa fase também que costuma surgir a origem do problema, a necessidade ou compulsão por agradar.
“No passado este foi, possivelmente, um mecanismo de defesa, em ambientes nos quais o indivíduo pode ter vivenciado tendência ao isolamento e pouco espaço para validação dos sentimentos”, diz o psicólogo.
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Que prejuízos a “Síndrome da Boazinha” pode acarretar?
Segundo o especialista, quem tem esse padrão de querer agradar a todo custo pode desenvolver sintomas ansiosos, transtornos afetivos e tem maior tendência ao isolamento e sentimentos de desesperança, até mesmo com maior risco de suicídio e lesões auto infligidas. É por isso que o tratamento é importante.
Buscando ajuda é importante
Filipe explica que o tratamento desse padrão de comportamento pode ser psiquiátrico, envolvendo o uso de medicamentos, nos casos em que existe, de fato, a presença de um distúrbio mental.
Ele cita, por exemplo, o transtorno borderline, onde a pessoa se coloca em prol do outro, tendo dificuldade em estabelecer limites nas relações e sendo fortemente impactada por opiniões e julgamentos alheios.
Por outro lado, em alguns casos o tratamento deve ser psicoterápico, mas, em geral, a combinação entre psicólogo e psiquiatra é sempre favorável.
A modalidade de atendimento psicológico conhecida como AT (Acompanhamento Terapêutico) é muito eficaz nestes quadros, já que o psicólogo que é acompanhante terapêutico desenvolve um trabalho extra consultório, onde terá a oportunidade de enriquecer o ambiente da pessoa.
“E isso passa pelo desenvolvimento de habilidades sociais, educação emocional, de entender o autoconhecimento de forma verbal e experiencial, tudo o que o psicólogo AT faz”, diz Filipe.
“O AT, além de promover estratégias fortemente orientadas para as habilidades sociais, consegue auxiliar no manejo de crises, como tentativas de suicídio, além de atuar na promoção de um plano de segurança, para que a pessoa tenha comportamentos seguros e evite recorrer a comportamentos impulsivos, ou auto agressivos”, conclui.